terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

y no encuentro forma alguna de olvidarte porque...

"y para ser más franca nadie
piensa en ti como lo hago yo
aunque te dé lo mismo"

(...seguir amándote... es inevitable)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Dom Quixote moderno

"Mas desejava que me dissesses o que pensas exatamente. Você sabe, vivo cercado de meninos que só se preocupam com eles próprios e me admiram por princípio. Ninguém jamais me fala de mim mesmo. Eu próprio tenho dificuldade de por vezes me encontrar."
(Sartre, A idade da razão)

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Escritores de domingo

"-- Foi esse Gauguin que fugiu? -- perguntou repentinamente Ivich.
-- Sim -- disse Mathieu com solicitude. -- Quer que lhe conte a história?
-- Acho que a conheço: era casado, tinha filhos, não é isso?
-- É! Trabalhava num banco e no domingo ia para o campo com seu cavalete e seus pinceis. Era o que chamamos 'um pintor de domingo'.
-- Pintor de domingo?
-- Sim. A princípio era isso. Um amador que borra telas no domingo, assim como a gente vai pescar. Mas por higiene, compreende, porque a gente pinta ao ar livre, respirando o ar puro.
Ivich pôs-se a rir, mas não com a expressão que Mathieu esperava.
-- Acha engraçado que ele tenha começado como pintor de domingo? -- indagou Mathieu inquieto.
-- Não, não era nele que pensava.
-- Em que então?
-- Eu estava pensando se a gente podia falar também em escritor de domingo.
Escritores de domingo! pequenos burgueses que escreviam anualmente um conto, ou cinco ou seis poemas, para pôr um pouco de ideal na vida. Por higiene. Mathieu estremeceu."

(Sartre, A idade da Razão)

Então é isso que somos: escritores de domingo. Um pouco menos regulares, talvez: passando por períodos de maior ou menor inquietação que fazem os domingos aparecerem mais ou menos do que uma vez por semana; mas, ainda assim, escrevendo por esse mesmo motivo: por higiene.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Mentiras convenientes

E eu poderia vir e dizer que estou bem, que estou feliz, alegre -- ou até mesmo triste. Pra quem não conhece a verdade verdadeira, qualquer declaração é potencialmente uma mentira. Mas pra que vir e dizer que estou bem, que estou feliz, alegre -- ou até mesmo triste? Pelo simples ato de dizer, pelo ímpeto de confundir, de manter as aparências. A mentira é uma arma valiosa. E a verdade é sempre uma concessão arriscada: vai que alguém vai juntando os pedacinhos de verdade que você solta quase sem perceber e acaba descobrindo quem você é.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Preste atenção nas mais mínimas conversas que tiver...

porque, sem aviso, numa frase à primeira vista banal, alguém pode revelar um pedaço da alma. E o momento é tão sublime (e fugidio) que o instante de silêncio que se segue é quase audível.