domingo, 10 de julho de 2011

Atalhos corruptos

"Que horror: tenho as mãos úmidas e estou inundada de angústia."

É um só desespero. Uma angústia profunda. Sentimento que desperta cada célula do corpo e atormenta o cérebro numa tortura lenta e excruciante. Agonia que se traduz em tristeza. Tristeza que aprofunda a agonia.

Porque nem só de lógica vive o mundo. E na ilogicidade das ações e dos fatos reside a vida, em seu âmago. Em cada ato impulsivo, impensado, em cada suspiro desesperado. Em cada instante de escapismo.

E eles são muitos! Viver é caminhar na realidade se apoiando em momentos de fuga. Só não ficou claro ainda se se dá melhor quem tenta se apoiar o menos possível ou quem passa todo o tempo debruçado sobre o que quer que lhe sirva como distração. Afinal, se o que vale é o caminho e não o destino, alienar-se sobre o trajeto como forma de encontrar felicidade-mesmo-que-passageira é ação válida.

Mas não deveria ser. Pois a procura demasiada por atalhos faz perder de vista a estrada principal. E então a vida passa a se resumir a travessas que, desconexas, salientam a efemeridade do desvio, incapaz que é de preservar um rumo e fornecer algo mais que instantes fugidios de felicidade custosa.

Porque você precisa, pelo menos uma vez na vida, se perguntar:

Por que eu vivo?

Mesmo que não encontre resposta.


[E Deus!, eu não faço o sentido que cobro dos outros. Quão culpado devo ser por isso?]