segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sobre a carne

"A carne é supinamente fraca, e não tanto por sua culpa, pois o espírito, cujo dever, em princípio, seria levantar uma barreira contra todas as tentações, é sempre o primeiro a ceder, a içar a bandeira branca da rendição."
(José Saramago)

domingo, 22 de agosto de 2010

Lições de uma criança

When I was 5 years old, my mom always told me that happiness was the key to life. When I went to school, they asked me what I wanted to be when I grew up. I wrote down "happy". They told me I didn't understand the assignment and I told them they didn't understand life.

Em tradução livre:

Quando eu tinha 5 anos, minha mãe sempre me dizia que a felicidade era o segredo da vida. Quando fui para a escola, me perguntaram o que eu queria ser quando crescesse. Escrevi que queria ser "feliz". Então me disseram que eu não entendi a tarefa e eu disse a eles que não entendiam a vida.

domingo, 15 de agosto de 2010

Reviravolta interna

A gente tem dois jeitos de viver a vida: o primeiro é conter os sentimentos, guardando-os para si e revelando-os em momentos oportunos a pessoas oportunas que saibam recebê-los. É o jeito seguro, sem riscos, com poucas decepções. Mas tem um revés: morre-se um pouquinho a cada instante em que se mata um pedacinho de felicidade que a gente tem dentro da gente, por medo da desilusão. A gente vai ficando frio e o mundo vai ficando insosso.
O segundo é o autêntico: expressa-se quando possível o que se sente, as mais ínfimas alegrias, o mais tenro motivo de um sorriso. Credita-se tudo, não se deixa passar nada, agarra-se com força a cada infinitésimo de emoção autêntica que dá sentido à vida da gente.

O lado ruim do segundo jeito às vezes é pior, bem pior do que o do primeiro: sinceridade demais assusta e tem gente, muita gente, que não sabe lidar com quem fala verdades sinceras, expondo demais a alma sedenta de amor que todo mundo tem mas prefere conter. Gente que se dá assim tem fome de grandeza e só mergulha quando o mar é profundo e isso é terrível pra quem acha que não sabe nadar. Então perde-se alguém. Por ser sincero.

Só esquecem que no mar da alma todo mundo nasce sabendo nadar.

[Chega de sofrer pela indiferença quando o bom mesmo é sentir às últimas consequências]


Nostalgia

Ok, vamos admitir: reencontrar gente de quem se gosta e quem não vemos há muito tempo tem seu lado ruim: fica-se o resto do dia pensando em por que não se pode mais estar sempre junto.

sábado, 14 de agosto de 2010

Sonho

Justificativas

"E há muito nada acontece por aqui, eu sei. Mas é difícil apontar motivos, reverter a situação. Sei que tenho saudades do que fui, do que as pessoas me mostram e fui eu que fiz mas não faço mais. Do que dizia com certeza que era minha marca, do que me distinguia dos outros. Acho que me perdi de mim. Só não sei em que parte do caminho, pra poder voltar e procurar."

Porque o ceticismo nas verdades que te definem é muito, muito difícil de suportar.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Em busca do prazer

"E tanto sofrimento por estar, às vezes sem nem saber, à cata de prazeres. Não sei bem como esperar que eles venham sozinhos. E é tão dramático: basta olhar numa boate à meia luz os outros: a busca do prazer que não vem sozinho e de si mesmo. A busca do prazer me tem sido água ruim: colo a boca e sinto a boca enferrujada, escorrem dois pingos de água morna: é a água seca. Não, antes o sofrimento legítimo que o prazer forçado."
(Clarice Lispector)

O presente

"...Amor será dar de presente um ao outro a própria solidão? Pois é a coisa mais última que se pode dar de si"
(Clarice Lispector)

A experiência maior

"Eu antes tinha querido ser os outros para conhecer o que não era eu. Entendi então que eu já tinha sido os outros e isso era fácil. Minha experiência maior seria ser o âmago dos outros: e o âmago dos outros era eu." (Clarice Lispector)

O erro dos inteligentes

"Mas é que o erro das pessoas inteligentes é tão mais grave: elas têm os argumentos que provam." (Clarice Lispector)

Trechos - Clarice

"Estranhei tudo. E, por me estranhar, vi-me por um instante como sou. Gostei ou não? Simplesmente aceitei. Tomei um táxi que me deixaria em casa, e refleti sem amargura: muita coisa inútil na vida da gente serve como esse táxi: para nos transportar de um ponto útil a outro. E eu nem quis conversar com o chofer."

"A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver. Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego os últimos goles d'água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que caminho."

Sim

"Eu disse a uma amiga:
-- A vida sempre superexigiu de mim.
Ela disse:
-- Mas lembre-se de que você também superexige da vida.
Sim."
(Clarice Lispector)

domingo, 8 de agosto de 2010

Mas há a vida

"Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata."
(Clarice Lispector)