domingo, 15 de agosto de 2010

Reviravolta interna

A gente tem dois jeitos de viver a vida: o primeiro é conter os sentimentos, guardando-os para si e revelando-os em momentos oportunos a pessoas oportunas que saibam recebê-los. É o jeito seguro, sem riscos, com poucas decepções. Mas tem um revés: morre-se um pouquinho a cada instante em que se mata um pedacinho de felicidade que a gente tem dentro da gente, por medo da desilusão. A gente vai ficando frio e o mundo vai ficando insosso.
O segundo é o autêntico: expressa-se quando possível o que se sente, as mais ínfimas alegrias, o mais tenro motivo de um sorriso. Credita-se tudo, não se deixa passar nada, agarra-se com força a cada infinitésimo de emoção autêntica que dá sentido à vida da gente.

O lado ruim do segundo jeito às vezes é pior, bem pior do que o do primeiro: sinceridade demais assusta e tem gente, muita gente, que não sabe lidar com quem fala verdades sinceras, expondo demais a alma sedenta de amor que todo mundo tem mas prefere conter. Gente que se dá assim tem fome de grandeza e só mergulha quando o mar é profundo e isso é terrível pra quem acha que não sabe nadar. Então perde-se alguém. Por ser sincero.

Só esquecem que no mar da alma todo mundo nasce sabendo nadar.

[Chega de sofrer pela indiferença quando o bom mesmo é sentir às últimas consequências]


2 comentários:

  1. Vim comentar o texto (vim dizer que vai me fazer pensar por dias), mas antes precisava dizer que o visual do blog tá lindo (tinha lido o texto via Reader).

    Gostei do texto. Acho que vai me fazer pensar por uns bons dias.

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  2. talvez você veja como indiferença o que é na verdade medo de te assustar se disser a verdade

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