domingo, 26 de setembro de 2010

Quase 40 anos de silêncio

"ELE:
Se é pra dizer-te adeus/ pra não te ver jamais/ Eu -- que dos filhos teus fui te querer demais--/ no verso que hoje chora para me fazer capaz da dor que me devora/ quero dizer-te mais/ que além de adeus/ agora eu te prometo em paz levar comigo afora o amor demais.
ELA:
Amado meu sempre será quem me guardou no seu cantar/ quem me levou além dos céus/ além dos seus/ e além do mais/ amado meu/ que além de mim se dá/ não se perdeu nem se perderá"


Esses são versos de uma música de Geraldo Vandré que nunca ganhou notoriedade: Pátria Amada Idolatrada Salve Salve. Na música, feita para ser cantada por um homem e uma mulher, a pátria se confunde com a mulher amada. É uma pequena demonstração de um raro talento poético que se perdeu no tempo: depois de voltar do exílio, em 1973, Geraldo não mais se apresentou ao público e manteve suas composições para si -- planeja, ainda, lançar uma música ("Fabiana") em homenagem às FAB (Forças Aéreas Brasileiras).

Nota-se, infelizmente, a figura de um homem vencido pela desilusão. Mas, entre muitas manifestações de um idealismo sufocado, é visível uma genialidade vívida, sintetizada em máximas, como seus comentários sobre a Lei da Anistia e a Tropicália.

O vídeo é longo, mas vale cada minuto dedicado a assisti-lo. Nem que seja por respeito à importância histórica de Geraldo Vandré. A entrevista pode ser assistida a partir deste link.

PS: destaque para a camiseta da FAB que ele veste e para o fato de a entrevista se dar no Hotel da Aeronáutica. Não bastasse, ele é paciente da ala psiquiátrica do Hospital da Aeronáutica, como muitos outros ex-exilados.

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