quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Inércia

"Esta tarde, quando voltava do escritório, um bêbado me deteve no meio da rua. Não protestou contra o governo, nem disse que eu e ele éramos irmãos, nem tocou em nenhum dos inumeráveis temas da embriaguez universal. Era um bêbado estranho, com uma luz especial nos olhos. Me tomou pelo braço e disse, quase se apoiando em mim: 'Sabe o que acontece com você? É que não vai a lugar nenhum.' Outro sujeito que passava nesse instante me olhou com uma alegre dose de compreensão e até me consagrou uma piscadela de solidariedade. Mas já faz quatro horas que estou intranquilo, como se realmente não fosse à parte alguma e somente agora me houvesse inteirado disso."

Um comentário: