sábado, 21 de janeiro de 2012

Essa minha necessidade do que é torrencial ainda vai me matar

Porque deve ser um defeito imperdoável o de não se contentar com metades. Viver insatisfeito até que se extraia de tudo seu máximo tem seus custos -- e a dificuldade de entender que é possível encontrar paz na simplicidade é um deles. Quando nenhum mergulho é profundo o suficiente qualquer regresso à superfície parece seco demais -- e na ânsia de atingir o fundo das águas, ignora-se todo o mundo que se estende por cima.

E acaba-se descartando um punhado grande de rios e lagos só por serem aparentemente rasos. Como se a infinitude fosse pré-requisito da felicidade.

No final, solidão e incompreensão: solidão que fica ao olhar para o lado e se ver desprovido de qualquer companheiro de insaciedade, e incompreensão de como é possível sobreviver na superfície depois de conhecer as profundezas do mundo e dos sentimentos.

(ignorando todas as vezes em que, no meio de uma tempestade, me pus a desejar qualquer coisa que me garantisse terra firme -- para me contentar não com metade, mas com qualquer milésimo de paz e calmaria)

2 comentários:

  1. É mais difícil ser insatisfeito. É mais difícil querer o todo. Mas compensa. A exigência é a parceira da raridade. E o que é raro meu caro... demora mesmo pra achar :) mas vale a pena

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  2. Também tem tanta beleza no raso, Victor. Se não tivesse, estaríamos todos mortos de tédio!

    Um beijinho

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