"Imaginemos uma criança. Crianças nada mais são do que indivíduos que estão vivos há pouco tempo. Para compreender o significado de pouco nessa definição, o leitor deve se desvencilhar da frieza dos números e pensar principalmente em insuficiência; em pessoas cuja ingenuidade ainda não foi suficientemente maculada pela experiência; em criaturas cujo entusiasmo ainda pode ser despertado pelo mundo; em seres para quem a existência ainda não se transformou numa amarga trivialidade; em infantilidade espiritual, não meramente física.
Contemplemos essa criança diante de um doce e de outra criança. O doce é o seu objeto de desejo. A outra criança é o seu rival. Quando o desejo e a rivalidade ocorrem simultaneamente, ambos tornam-se as sementes de um conflito que pode irremediavelmente destruir relacionamentos ou estilhaçar sonhos. Uma criança normalmente possui a obstinação necessária para enfrentar tal conflito, mas raramente possui a sabedoria necessária para resolvê-lo.
Imaginemos agora um adulto. Estamos nos referindo a um indivíduo que está vivo há muito tempo. Tempo suficiente para transformar a ingenuidade em cinismo, suficiente para converter o entusiasmo em tédio, para remover da existência tudo o que há de especial. Contemplemos esse adulto diante de duas mulheres, incapaz de optar por uma delas. Ambas apresentam virtudes equivalentemente intensas e defeitos igualmente irrelevantes. Um adulto que sustenta experiências de peso considerável sobre seus ombros normalmente exibe uma racionalidade capaz de comparar duas mulheres sob o ponto de vista físico e material, mas raramente exibe os sentimentos capazes de considerar uma delas especial, independentemente da sua aparência ou dos seus bens.
A criança não compreende que poderia simplesmente compartilhar o doce com a outra. O adulto não compreende que deveria valorizar a importância do aspecto emocional. Uma criança tem admirável paixão, mas sofre por não ter conhecimento. Um adulto tem respeitável conhecimento, mas sofre por não ter paixão. Tanto a paixão como o conhecimento não são capazes de resolver todos os problemas sozinhos. Emoções podem criar laços permanentes entre amantes, mas podem dissolver eternamente laços entre rivais. Duas crianças podem compartilhar um doce, mas duas mulheres não podem compartilhar a alma de um homem.
O poeta francês Charles Baudelaire certa vez afirmou que há muito em comum entre aquilo que nós chamamos de inspiração e a alegria espontânea com a qual uma criança consegue absorver as cores e as formas do mundo. Ressaltou, no entanto, que todo o material abstrato acumulado por essa absorção só pode ser adequadamente organizado pelo pensamento racional de um adulto. A genialidade, portanto, nada mais seria do que um redescobrimento da infância. Uma capacidade intrínseca de inebriar-se com o mundo e ao mesmo tempo saber expressá-lo.
O contexto no qual as afirmações de Baudelaire estão localizadas é a arte. Mais especificamente, o poeta refere-se à inspiração e à genialidade de pintores. A área onde esta dissertação de mestrado se encontra é a ciência da computação. O conteúdo deste texto é o resultado do esforço de matemáticos. A pertinência da matemática ao escopo das artes é uma questão filosófica deveras complicada, na qual não pretendemos nos aprofundar. No entanto, ela não precisa ser esclarecida para que possamos adaptar as afirmações de Baudelaire a este trabalho.
Neste mestrado, estudamos conjuntos gerados por combinações inteiras não-negativas de vetores. Apesar de sua razoável extensão, a expressão combinação inteira não-negativa nada mais é do que um sinônimo excessivamente sofisticado de soma. Uma combinação inteira não envolve frações. Uma combinação não-negativa não envolve subtrações. Estudar combinações que são ao mesmo tempo inteiras e não-negativas significa, sob certos aspectos, revisitar a época em que não conhecíamos nenhum conceito matemático além da soma. Redescobrir a época em que éramos simples crianças, incapazes de aplicar o conceito de divisão sobre um doce. No entanto, ao rever um cenário que esteve presente em nossa infância, não é necessário que o contemplemos apenas com olhos juvenis. Podemos combinar a curiosidade infantil com a maturidade matemática.
Um equilíbrio adequado entre esses dois elementos é necessário para o estudo de problemas de otimização combinatória. Nesses problemas, o objetivo é otimizar uma função em um conjunto discreto e normalmente finito. Uma primeira impressão a respeito dessa descrição é a de que ela descreve problemas simples. Mais simples do que uma otimização em conjuntos contínuos, pois de certa forma estes são maiores e mais complexos. Trata-se, no entanto, de uma impressão equivocada. Conjuntos discretos não são simplesmente menores, eles são mais restritos. Conjuntos contínuos não são simplesmente mais complexos, eles são mais flexíveis.
Os problemas combinatórios são formulados dentro de um mundo discreto, no qual os doces são tão indivisíveis quanto para uma criança. No entanto, aqueles que estudam otimização combinatória não são crianças presas a técnicas discretas. São adultos capazes de utilizar técnicas variadas, sendo muitas delas baseadas em conceitos contínuos. São pesquisadores entusiasmados e ao mesmo tempo estudiosos, que podem reconhecer em sua área uma infância redescoberta na ciência da computação."
sábado, 18 de dezembro de 2010
Da infância redescoberta na profissão
domingo, 28 de novembro de 2010
Sobre vitórias e derrotas
Outro dia eu estava discutindo com amigos, tentando chegar em alguma conclusão sobre os motivos de a matemática ser um dos maiores terrores de boa parte dos estudantes, quando um deles levantou um ponto interessantíssimo, falando do processo de aprendizado de matemática. Enquanto na física ou na química (pra ficar nos exemplos de exatas, mais próximos) você aprende uma fórmula ou um método de resolução de problemas e o aplica à exaustão em problemas essencialmente parecidos, na matemática a coisa funciona diferentemente: frequentemente poucos exercícios que você demora horas pra resolver são muito mais proveitosos que milhões de exercícios resolvidos de forma simples. Uma vez, numa aula de geometria, um professor me disse que tinha um problema que tentava resolver há anos, sem nenhum sucesso -- um problema que vários de seus colegas já tinham resolvido e cuja resposta outros tantos conheciam. Perguntei por que ele não perguntava a eles a resposta e ele respondeu: "Pra quê? Aprendi mais geometria com esse exercício do que com qualquer livro que já tenha pegado pra estudar."
O aprendizado da matemática, mais do que de outras disciplinas, se pauta no erro: e não porque errando você aprende as "armadilhas" de cada tipo de exercício, mas porque errando, brincando com os exercícios, é que você percebe propriedades e padrões que aumentam o seu conhecimento e o seu entendimento da matemática. Enquanto em física e química a obtenção da resposta é o passo principal da resolução, na matemática a ousadia de tentar abordar o problema de diferentes formas é o cerne do aprendizado -- chegar na resposta só prova que a ideia, plantada várias linhas antes, era correta. Outro grande professor me disse o seguinte: "Nunca abandone um exercício por parecer difícil nem o troque por outro que você seja capaz de resolver mais facilmente: encontrar a resposta de um problema é o passo mais triste da busca -- significa que com aquele você não tem mais nada a aprender."
A conclusão, tardia, foi exatamente a sua: não nos ensinaram a perder. E aí a matemática se transforma num monstro quando, junto com os problemas e os métodos para resolvê-los, não aprendemos que falhar -- e continuar tentando -- é parte inerente da vida.
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Eudaimonia diária 2 -- a recompensa (continuação)
"Victor,
Há 1 ano e 8 meses eu deixava a Unesp e voltava pra casa com plena certeza de que o meu sonho acabava de ser jogado no lixo. Eu só não sabia que em 5 meses conheceria pessoas INCRÍVEIS, com uma vontade contagiante de ensinar sem receber nada em troca e que me ajudariam a reconquistá-lo. Acho que você não tem noção do quanto eu aprendi e amadureci com vocês; não foi pouco, pode acreditar.
Na época em que eu desisti da Unesp pensava todos os dias se iria me arrepender. Hoje eu digo que, se fosse necessário, faria tudo de novo pra que vocês pudessem fazer parte da minha vida e porque eu percebi que lá as coisas não aconteceriam do jeito que eu planejei. Há quem diga que o Exato "não é tudo isso" (arrumou briga comigo porque eu defendi com unhas e dentes =) ) mas, como eu já te disse uma vez, acredito no projeto e daqui uns 10 anos quero passar lá e ver aquelas salas lotadas e poder dizer: "Parabéns, vocês fizeram a escolha certa, continuem firmes até o fim." Todos merecem meu respeito e gratidão por esse trabalho tão bonito (chegou a parte em que você vai ficar se sentindo o máximo rsrs)
Obrigada por tudo, Victor. Obrigada por me dar a oportunidade de conhecer essa pessoa tão diferente de tudo o que já vi por aí, (você pode até pensar: "Nossa, ela viajou na maionesse, nem me conhece direito"; mas o pouco que eu conheço já é suficiente pra dizer que te admiro, de verdade) que está sempre disposto a fazer o possível pra melhorar o Exato, a ajudar todos que estão lá, que emana esse carinho, vontade, disposição e desejo em dar aulas. Obrigada por me mostrar, nas conversas sobre coisas que não envolviam vestibular e nas suas atitudes, que você não é igual à maioria das pessoas que cruzam o meu caminho (e isso é tão lindo de ver); é daquelas que quando vão embora deixam uma marquinha, um pedacinho de si pra gente lembrar pra sempre.
Tudo o que você tem feito vai ser recompensado. Espero não perder o contato e, daqui a algum tempo, ver que você se tornou um homem melhor ainda e que conseguiu alcançar o que deseja.Izabelle"
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Eudaimonia diária 2 -- a recompensa
Existem horas na vida em que a gente sente que tomou a decisão certa. Essas horas fazem valer a vida toda.
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Trilha Sonora da Vida
E, dos comentários no vídeo:
"Though we are just specks in the realm of eternity, there are things we can leave behind. A legacy. Whether it is music, art, or a family that you raised with the man or woman you love. Life is such a fragile thing but it is more beautiful than anything in the universe. It does not matter what you look like, what you believe, or where you came from, we are humanity. 'There are many worlds but they all share the same sky. One sky, one destiny.' Live each day to the fullest, my friends."Em tradução livre:
"Apesar de sermos apenas ciscos no reino da eternidade, há coisas que podemos deixar para trás. Um legado. Seja música, arte, ou uma família que você criou com o homem ou mulher que ama. A vida é uma coisa tão frágil mas é mais bonita do que qualquer coisa no universo. Não importa com o que você se pareça, ou no que acredite, ou de onde tenha vindo, somos a humanidade. 'Há muitos mundos mas todos dividem o mesmo ceu. Um ceu, um destino.' Vivam cada dia ao máximo, meus amigos."
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Laços
"Minha maior tristeza é que todo novo amor que eu arrumo vem sempre com algum velho amor tão longo e bonito."
domingo, 17 de outubro de 2010
Genialidade
"Genius is insanity made sane by dilution in the abstract, like a poison converted into a medicine by mixture".Fernando Pessoa, em ErostratusDe um postal de Portugal (:
domingo, 10 de outubro de 2010
Sobre estereótipos
"The problem with stereotypes is not that they are untrue, but that they are incomplete. They make one story become the only story".Chimamanda Adichie é uma premiada escritora nigeriana que emigrou para os Estados Unidos da América aos 19 anos de idade para ingressar no ensino superior. Numa série de palestras de uma ONG chamada TED (com o objetivo de disseminar ideias que merecem ser divulgadas), ela rouba a cena pra falar sobre estereótipos, simplismo e sobre o perigo de reduzir as coisas à visão do senso-comum, sem reflexão, limitando-se à superfície das coisas. O vídeo é fantástico, de arrepiar mesmo: ela discursa muito bem e é uma fala envolvente. Ele é legendado em português, então deixo aqui o link pra quem interessar (e espero que interesse a muita gente, porque é do tipo de lição que todo mundo deveria ter na vida): http://bit.ly/bv2maD
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Condenados desde que nascem
"Há que ter em conta que a distância entre os que têm e os que não têm apenas tem paralelismo com a distância entre os que sabem e os que não sabem, e os que não têm são os que não sabem: são condenados desde que nascem."(Porque para que algumas pessoas entendam o sofrimento das outras é necessário comparar com algo que as toque)(José Saramago)
domingo, 26 de setembro de 2010
Quase 40 anos de silêncio
"ELE:
Se é pra dizer-te adeus/ pra não te ver jamais/ Eu -- que dos filhos teus fui te querer demais--/ no verso que hoje chora para me fazer capaz da dor que me devora/ quero dizer-te mais/ que além de adeus/ agora eu te prometo em paz levar comigo afora o amor demais.
ELA:
Amado meu sempre será quem me guardou no seu cantar/ quem me levou além dos céus/ além dos seus/ e além do mais/ amado meu/ que além de mim se dá/ não se perdeu nem se perderá"
Esses são versos de uma música de Geraldo Vandré que nunca ganhou notoriedade: Pátria Amada Idolatrada Salve Salve. Na música, feita para ser cantada por um homem e uma mulher, a pátria se confunde com a mulher amada. É uma pequena demonstração de um raro talento poético que se perdeu no tempo: depois de voltar do exílio, em 1973, Geraldo não mais se apresentou ao público e manteve suas composições para si -- planeja, ainda, lançar uma música ("Fabiana") em homenagem às FAB (Forças Aéreas Brasileiras).
Nota-se, infelizmente, a figura de um homem vencido pela desilusão. Mas, entre muitas manifestações de um idealismo sufocado, é visível uma genialidade vívida, sintetizada em máximas, como seus comentários sobre a Lei da Anistia e a Tropicália.
O vídeo é longo, mas vale cada minuto dedicado a assisti-lo. Nem que seja por respeito à importância histórica de Geraldo Vandré. A entrevista pode ser assistida a partir deste link.
PS: destaque para a camiseta da FAB que ele veste e para o fato de a entrevista se dar no Hotel da Aeronáutica. Não bastasse, ele é paciente da ala psiquiátrica do Hospital da Aeronáutica, como muitos outros ex-exilados.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Das incertezas da vida
De um amigo, numa conversa, inesperadamente. É verdade -- até demais. Mas tampouco é motivo pra deixar-se o aperfeiçoamento de lado. Mesmo que doa. E doi.
terça-feira, 7 de setembro de 2010
As 7 Maravilhas do Mundo
A group of students were asked to list what they thought were the present "Seven Wonders of the World." Though there were some disagreements, the following received the most votes:
- Egypt's Great Pyramids
- Taj Mahal
- Grand Canyon
- Panama Canal
- Empire State Building
- St. Peter's Basilica
- China's Great Wall
While gathering the votes, the teacher noted that one student had not finished her paper yet. So she asked the girl if she was having trouble with her list.
The girl replied, "Yes, a little. I couldn't quite make up my mind because there were so many."
The teacher said, "Well, tell us what you have, and maybe we can help."
The girl hesitated, then read, "I think the 'Seven Wonders of the World' are:"
+ to see + to hear + to touch + to taste + to feel + to laugh + and to love
The room was so quiet you could have heard a pin drop. The things we overlook as simple and ordinary and that we take for granted are truly wondrous!
A gentle reminder - that the most precious things in life cannot be built by hand or bought by man. "Each day comes bearing its own gifts. Untie the ribbons."
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Do segredo dos outros
(Clarice Lispector)
“No soy pesimista, es el mundo el que es pésimo”
(José Saramago)
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Sobre a carne
domingo, 22 de agosto de 2010
Lições de uma criança
Em tradução livre:
Quando eu tinha 5 anos, minha mãe sempre me dizia que a felicidade era o segredo da vida. Quando fui para a escola, me perguntaram o que eu queria ser quando crescesse. Escrevi que queria ser "feliz". Então me disseram que eu não entendi a tarefa e eu disse a eles que não entendiam a vida.
domingo, 15 de agosto de 2010
Reviravolta interna
O segundo é o autêntico: expressa-se quando possível o que se sente, as mais ínfimas alegrias, o mais tenro motivo de um sorriso. Credita-se tudo, não se deixa passar nada, agarra-se com força a cada infinitésimo de emoção autêntica que dá sentido à vida da gente.
O lado ruim do segundo jeito às vezes é pior, bem pior do que o do primeiro: sinceridade demais assusta e tem gente, muita gente, que não sabe lidar com quem fala verdades sinceras, expondo demais a alma sedenta de amor que todo mundo tem mas prefere conter. Gente que se dá assim tem fome de grandeza e só mergulha quando o mar é profundo e isso é terrível pra quem acha que não sabe nadar. Então perde-se alguém. Por ser sincero.
Só esquecem que no mar da alma todo mundo nasce sabendo nadar.
[Chega de sofrer pela indiferença quando o bom mesmo é sentir às últimas consequências]
Nostalgia
sábado, 14 de agosto de 2010
Justificativas
Porque o ceticismo nas verdades que te definem é muito, muito difícil de suportar.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Em busca do prazer
(Clarice Lispector)
O presente
(Clarice Lispector)
A experiência maior
O erro dos inteligentes
Trechos - Clarice
"A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver. Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego os últimos goles d'água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que caminho."
Sim
-- A vida sempre superexigiu de mim.
Ela disse:
-- Mas lembre-se de que você também superexige da vida.
Sim."
(Clarice Lispector)
domingo, 8 de agosto de 2010
Mas há a vida
(Clarice Lispector)
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Hey, mainstream media: I am...
O resultado foi presumivelmente desastroso. Segundo ela, não havia muito nas atividades recomendadas pela revista; a maioria se resumia a ensinar alguma variação de paquera; as dicas de cabelo levavam um tempo grande demais para serem colocadas em prática e as dicas sobre roupas de banho não resolveram seu problema: ter a cor da pele da mesma cor da areia, "ficando parecida com um biquíni flutuante, na praia".
As conclusões: as revistas olham as adolescentes como um grupo uniforme, com interesses limitados a moda, maquiagem e garotos. Em revolta à visão fútil que a mídia tem de um grupo ao qual ela faz parte (e ao qual não se acha reduzida), terminou um projeto com a criação de outro: "Hey, mainstream media: I am...". A ideia é que pessoas enviem fotos em que apareçam com um recado para a mídia. Para participar, basta enviar a foto para: jamiekeiles@gmail.com e o acervo de fotos enviadas pode ser conferido aqui.
O resultado foi extremamente interessante e as pessoas contribuíram de formas diversas: podem ser encontradas desde mensagens de "repelida por sua ideia de 'normal'. Sério, de que planeta você é?", passando por "Sou bissexual... e não só não tento foder qualquer coisa que se move, como QUASE NUNCA faço sexo... e gosto das coisas bem assim. E, além disso, fico bem sem maquiagem." até uma mãe segurando um cartaz com os dizeres: "mais que uma mãe que 'precisa trabalhar', sou uma que quer fazer isso, e sei que não preciso escolher entre a maternidade e a carreira, pois é possível conciliar ambos!".
Bem interessante MESMO. Vale a pena conferir.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Luta contra o paulistanismo
http://blogdosakamoto.com.br/2010/07/09/9-de-julho-sao-paulo-deveria-lutar-contra-o-paulistanismo
domingo, 27 de junho de 2010
(Falsa) Letargia
"Às vezes eu deito na cama e fico quieta, só esperando morrer. E vem aquela bobeira estranha, como quando eu era criança e, de carro na Salgado Filho, me perguntava "Por que é que eu existo?" e me sentia fora do meu corpo. E como nunca achei resposta pra essa pergunta, só fico pacientemente vendo a vida passar, devagar.Do ótimo: http://inconspicuidade.blogspot.com/
E choro, porque queria viver de verdade e sentir de maneiras diferentes. Então durmo, acordo, penso nas coisas que tenho que fazer e saboto todos os planos: "Ah, não estou me sentindo bem hoje!" - o engraçado é que meu corpo obedece, e sempre tem uma dor ou desconforto, que nem sei mais se são de verdade. Mas fico com muito medo do que vai acontecer por eu só esperar, e então, prometo, amanhã eu tomo jeito.
O tempo voa, barulhento, anunciando que outro dia acontece e eu ainda estou aqui, com dor dentro do meu vazio e eu peço, grito: "Por favor, cuida de mim! Me carrega, me faz viver!" E do outro lado só ouço o eco do meu próprio desespero, porque os outros estão ocupados demais vivendo.
De repente a cama e o quarto são escuros demais, e eu só preciso de alguém pra me abraçar, me acalmar, me ninar. Por que é que eu tive a brilhante idéia de sair de casa mesmo? Tenho medo de ficar mais velha e da minha mãe morrer, porque não sou pequena (muito menos grande) demais pra caber no colo dela. Então eu rezo à noite, só pra me sentir mais perto, pra me sentir um pouquinho mais amada, menos insegura.
Esse pedacinho de gente que sou, preciso de amor demais, abraço demais, e o mundo não está sempre à minha disposição. Acho que de tanto eu esticar e comprimir, das vezes em que eu achei que era auto suficiente e me rebelei, ele se tornou frouxo demais pra mim. E eu choro, imploro, "Vem pra cá, por favor, cuida de mim!" E se alguém me responder, vai ser pra dizer que não, agora não, a vida lá fora é bem mais interessante do que ficar deitado na cama, olhando e tentando não fazer parte do mundo."
terça-feira, 22 de junho de 2010
Coisas feitas
Dos Outros Cadernos de Saramago: http://caderno.josesaramago.org/No fundo, todos temos necessidade de dizer quem somos e que é que estamos fazendo e a necessidade de deixar algo feito, porque esta vida não é eterna e deixar coisas feitas pode ser uma forma de eternidade.
“Somos sobretudo a memória que temos de nós mesmos”, La Provincia, Las Palmas de Gran Canaria, 20 de Julho de 1997 [Entrevista de Mariano de Santa Ana]
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Ensaio sobre o Luto
Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, não vamos a parte nenhuma.Revista do Expresso, Portugal (entrevista), 11 de Outubro de 2008
Fica o profundo lamento pela morte de alguém tão grande.
domingo, 6 de junho de 2010
Why am I different from others?
http://www.youtube.com/watch?v=Um9KsrH377A&feature=player_embedded
(Por que por aqui não fazem comerciais assim?
Fantástico.)
sábado, 22 de maio de 2010
Filosofia é uma cousa; a realidade...
A opinião ostensiva do médico era que a doença do Quincas Borba iria saindo devagar. Um dia, o nosso Rubião, acompanhando o médico até à porta da rua, perguntou-lhe qual era o verdadeiro estado do amigo. Ouviu que estava perdido, completamente perdido; mas, que o fosse animando. Para que tornar-lhe a morte mais aflitiva pela certeza?...
- Lá isso, não, atalhou Rubião- para ele, morrer é negócio fácil. Nunca leu um livro que ele escreveu, há anos, não sei que negócio de filosofia...
- Não; mas filosofia é uma cousa, e morrer de verdade é outra; adeus."
[Machado de Assis, Quincas Borba]
Ironias do destino: perder na capital e reencontrar no interior
"eu tô fazendo artes visuais na unicamp! ^^
tô morando por lá, em barão geraldo
e você? =D"
E eu... eu também. Mundo pequeno, né?
Surpresas gostosas que a vida dá pra gente (:
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Encontros
In Viagem a Portugal, José Saramago, Editorial Caminho, 21ª edição, p. 237
(Seleção de Diego Mesa)
quarta-feira, 5 de maio de 2010
para saber se gosta muito de alguém
lembra de cada detalhe, de cada pensamento, de cada folha que caiu;
lembra das pessoas que vinham te dizer que tudo ia clarear;
e, agora, do fundo da alma: se o alguém estivesse lá, de alguma forma, seria menos duro?
Retirado de: http://recantana.blogspot.com/
domingo, 21 de fevereiro de 2010
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Imagem vivaz do gênio e do vulgo!
[Machado de Assis, O Alienista]
Em resposta a quaisquer críticas sobre impulsividade
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Assim é, se lhe parece.
Pirandello